quinta-feira, março 10, 2011

Consolo Enxuga Lágrimas

Se pudesse eu trazer aqui o canto dos pássaros, o coro dos rios, eu os traria, não podendo os trazer aqui para melhor pincelar o cenário do causo que irei vos contar, limito-me a dizer que és um remanso intenso e bonito.
Sol, calmaria, dia belíssimo. Um nascimento. Esperem um minuto, desculpem-me por ainda não vos contar o nome do lugar que acabara de receber uma criança, o lugar autor de tanto remanso se chama “Estrela”, localizado no estado “Céu”, perdoem-me a ironia e a falta de criatividade para com nomes fictícios, não capturei nome melhor, e o original ficaria pior.
Tornando ao dia do nascimento de uma moça bonita, esbelta, robusta e mais tardar muito risonha. Agora não me demorarei em revelar o nome para que não me esqueça novamente, pois como pensava Mário de Andrade, “ O passado é lição para se meditar, e não para se reproduzir”. A moça se chama “Jeinifer de Albuquerque”.
Desde pequena o calor da família lhe era próximo e muito íntimo. A menina assim cresceu e se tornou dengosa e amável também para com os outros. Adora a casa em que mora e aos amigos que estas a fazer com apenas cinco anos de idade, fã de cinema e muito lhe agradavam os poemas.
Quinze anos é a idade da menina agora, não te desespere o tempo passa depressa somente em história ou dias magníficos. Jovem ainda, porém, a inteligência que possuía não se casava com sua idade, era uma mulher com roupa e corpo de menina, mas acreditem, já era uma mulher. Apanhava borboletas e contemplava-as em sua mão, soltava-as e contemplava-as olhando-as ao vento. As chuvas muito lhe divertiam, fortuitamente perguntou um dia a seu pai Antero(não o de Quental, esse é outro Antero):
- Papai, chuva é lágrima de nuvem ?
- Sim, minha pequena, o pranto das nuvens colhe os sorriso das flores que tu gosta tanto – Respondeu Antero com zelo e riso.
A resposta muito agradou a pequena que agora gosta ainda mais das flores por terem uma paixão em comum, a chuva.
Em um dia a beleza frequente dos dias se ausentou, este era um dia diferente, um pouco nublado e um pouco escuro. D.Manuela, mãe de Jeinifer entra enlouquecida na sala a lançar palavras ao ar:
- Vamos todos nos mudar, deixaremos a manhã a cidade “Estrela” – Disse afirmativamente D.Manuela.
- E para onde é que iremos – Triste e curiosa indagou Jeinifer.
- Ainda não sei, o que sei é que o remanso desta cidade esta por me enlouquecer – Desabafou Manuela.
A pequena as pressas saiu correndo para fora como se tivesse o dever de se despedir de tudo, das árvores, peixes, dos futuros cândidos amores que ali faria.
Assim como informou D.Manuela todos mudaram-se na manhã seguinte, foram para a cidade de “Girassol”, localizada no estado “Confusão”. O autor desses nomes exóticos deve de divertir, você por acaso morou no estado “Confusão” ? Certamente sim, ainda não estou inteiramente louco.
Novo lugar, vida nova, isso atrapalharia a felicidade e a graça que moravam no coração da pequena? Pois sim, como mencionei no quinto parágrafo ela agora tem quinze anos e é dai para adiante que a criança começa a perder o maior tesouro existente no mundo, a inocência.
Na vida encontramos muita coisa, exceto a inocência q se perde ao longo da vida e não nos acompanha até o ato de falecimento.
Nesta nova fase da vida de Jeinifer ainda não fizera amigos, então a vida lhe apresentou um de seus filhos, a solidão, que acabou por fazer uma amizade breve com Jeinifer. Começando os estudos, conheceu e fez novos amigos, os breves, os brevíssimos e os eternos. Delineava-se ali outra fase de sua vida.
Pouco sentimento os brevíssimos derrubaram em seu coração, tão pouco desejava ela doses maiores. Os eternos se mostraram em aspectos traiçoeiros e mesquinhos, mas o que se poderia fazer? Eram assim os eternos.
Fagulhas de descontentamento estavam ao colo da pequena, que chorava, recusou as lágrimas mas estas não se importaram com a rejeição e se vieram, a família inteira, a pequena chorava tanto que se eu não soubesse nadar morreria agora e a história não poderia terminar. Desculpem-me por ser enfático demais, mas de fato ela chorou..chorou.. Era a saudade de suas árvores da terra natal, dos peixes e dos cândidos amores que la nunca pudera fazer devido a sua mudança.
Eis que aparece um jovem na vida da pequena, o menino realmente não era bonito, mas era o autor de pensamentos interessantes.
A pequena só via escuridão no céu que a muito lhe fizera sorrir outrora, quando mais jovem. O jovem atendia pelo nome de Pablo assim como o nome de seu autor.
O menino assistindo tamanha tristeza por parte da pequena disse-lhe algumas palavras:
- Hoje o céu amanheceu risonho, feliz encantador, se me deparo e olho com mais atenção, vejo teu semblante fazendo companhia a lua e suas estrelas – Exclamou Pablo com zelo e gosto.
A menina trocou o pranto incessante por um sorriso largo e gostoso de se ver, achou tão bonitas as palavras de Pablo que não se conteve e sorriu.. sorriu..
O menino ainda disse mais:
- Tua arte de criança não é criancice, é fruto de alegria em meninice, não apanho tuas lágrimas como fraqueza mas como um simples desabafo e cena de pintura, que se fosse eu pintor, te juro, eu lhe pintaria – Exclamou Pablo todo em riso.
A pequena estava abismada com a peraltice do menino, era abusado e muito inteligênte, sem que ela notasse estava tão feliz quanto estava no estado de “Céu”.
Em certo instante com um ar de curiosidade pergunta o pequeno:
- Porque teu coração não és um livro?
- Ora! Por que és um coração. – Retrucou Jeinifer rindo.
- Se fosses um livro a cada manhã eu o leria ao acordar e ao anoitecer, antes de me deitar.
A pequena sorria. Sabe que da vida os momentos mais inesquecíveis são momentos como este, a memória não se esforça em os guardar, eles que insistem em ficar.
O advento de uma vida nova na vida de Jeinifer com certeza a fez muito bem. Pablo era um menino singular, era muito curioso e também afetuoso. A pequena não sabia de onde havia saído aquele menino que aparecera muito fortuitamente, mas sabia que já gostava muito dele. Em casa pensava consigo mesma em fazer mil ou talvez mais perguntas ao pequeno. A luz de seu quarto lucilava, até que se apagou de vez e fez com que a pequena adormecesse.
Pela manhã cai um meteoro de força desconhecida na casa de Jeinifer, sua mãe mais uma vez vem por lançar palavras no ar mas dessa vez eram palavras pesadas e tristes para os seus entes. Momentos que jamais foram esperados dentro daquela família, houve o episódio da mudança é verdade, mas não se compara ao que vais ler em breve.
D.Manuela dizia não conseguir mais fechar os olhos em sequer uma noite, dizia ter um remorso intenso e doloroso, resolveu emanar aquela noticia de si, mesmo que as consequências dessem continuidade a sua insônia. Sem se alongar mais pediu que Antero se sentasse junto de si, talvez seria o último juntos da vida do casal. Onde se encontra um pintor para que possa ir registrando esses momentos singulares desta história ? Se tu que agora me lês for pintor, faça esse obséquio.
D.Manuela com a voz tensa e um pouco rouca disse a Antero:
- Jeinifer, não é sua filha, quando morávamos em nossa antiga casa cai em um pecado, em uma noite pela madrugada afora me encontrei com um antigo amigo seu de colegial conversamos tanto que caímos em um clima que avançava e muito o estágio amistoso. Por isso quis sair as pressas daquele lugar, lhe pesso perdão querido.
- Que os meus sentimentos de paz para contigo não se sujem com sua noticia sórdida. Com meu sangue ou não aquela pequena é minha filha, pela manhã irei para outro lugar repousar meus pensamentos e refletir, lhe agradeço por não ter mencionado o nome de meu falso amigo de infância. – Disse Antero calmo e frio.
D.Manuela ficou pasma e ao mesmo tempo aliviada, sabia que ainda não lhe acolheriam as noites de sono, mas fez o que o peito bradava.
Para a pequena o mundo havia desabado, ninguém havia lhe contado ainda o que acontecera mas seus passos silenciosos a permitiram ouvir todas as palavras de sua mãe.
Correu para um ermo qualquer, buscava um instante de tranquilidade para acalmar sua cabeça que doía de um jeito que não posso escrever, mas digo que nada mais é doloroso que se não a própria dor.
Contudo, não esquecera do pequeno menino, e como esqueceria, o momento pedia ele e ela não sabia onde o encontrar, as mil perguntas que moravam provisoriamente em sua cabeça permaneciam la, não viu mais o menino desde que o conhecera. Tão pouco conhecimento a respeito de Pablo o fizeram um menino misterioso, sendo assim para ela mais interessante. Sonhava com uma paixão de livro ou novela, algo intenso que apagasse do peito os escritos doloridos com uma boa borracha para no lugar tatuar um grande amor.
Jeinifer já se encontrava em desatino quando Pablo mais uma vez aparece para lhe amparar as lágrimas, mas dessa vez não com suas palavras, mas com o calor de seu corpo e de seu amor que brotava e crescia assim como planta no coração do pequeno. Sim é certo que era apenas o segundo encontro dos dois, mas o coração deles não precisou de mais para logo se entender. Se não entendes um amor assim nunca assistiu novela ou foi criança um dia.
O romance dos dois começava a tomar forma assim como o corpo dos jovens. Os estigmas dos acontecimentos particulares de Jeinifer de fato perderam lugar para o amor de Pablo, porém nunca esqueceu-se de seus pais. Depois de sair de casa o pai passou a morar sozinho mas nunca se afastou de Jeinifer e espantosamente também não de Manuela. D.Manuela vive sozinha em uma agonia de despertar pena em qualquer um, mas se mantém disponível a Jeinifer e Antero.
O tempo passou e agora a pequena vais fazer vinte e oito anos, a partir daqui não posso mais me referir a ela como pequena, agora és uma mulher feita com roupa e corpo de mulher, embora ainda guarde consigo muito de sua meninice.
Pablo por sua vez é mais velho, tens já completado trinta anos, seus mistérios foram todos descobertos pelas mãos tateantes e curiosas de Jeinifer, seu ar de mistério se perdeu, mas não seu esmero e afeto que sempre se mantiveram intactos.
Jeinifer sempre estudou e chegou aos seus vinte e oito anos de idade formada em pedagogia, e adorava um bom livro que lhe rendesse boas ideias para devolver para Pablo um pouco dos graciosos carinhos que habitavam em seus versos.
Em alguns anos Jeinifer casa-se com Pablo que veio a ser poeta, para Jeinifer ele era um poeta particular,o poeta de uma única mulher. Muito tempo depois daquelas mil perguntas elaboradas na cabeça de Jeinifer teve tempo de fazer cada uma, até passou disso. Descobriu o nome da cidade que o atual nobre poeta Pablo nascera, a cidade chama-se “LuaSol”.
Vês leitor? Quanta ironia minha falta de criatividade para com os nomes de cidade se puseram a propor.Lembra-te ainda o nome da cidade que nascera a pequena Jeinifer? Se não te lembras irei lhe recordar, chamava-se “Céu”, meto tudo assim em aspas pois nunca vi cidades de tal nome, somente as deste conto.
Enquanto dia quem está próximo do céu é o sol, e quando noite acontece o mesmo com a lua, as duas cidades beberam de minha ironia e fizeram-se certa uma para com a outra, e os jovens um para com o outro próximos tanto quanto o amor lhes permitia ser.
Os ardentes desejos virgens ainda de sexo de ambas as partes foram saciados conjugalmente. Sim, um amor bonito como esse não poderia deixar de ter um fruto, um filho. Daria-vos alguns detalhes do caso sexual em que ambos eram virgens e apaixonados, mas desconheço vossa idade e creio que então já vos contei o bastante.
O pequeno filho veio algum tempo depois e deram-lhe o nome de Olavo, um pouco pelo gosto que tinham pelo escritor Olavo Bilac, e um pouco pela sonoridade suave e bela que o nome carregava.
O menino assim como sua mãe era corriqueiro, brincava com as borboletas e se zangava com as abelhas que metiam ferrão aos dedos por querer tê-las em sua mão para contemplar. Acordei sua reminiscência? Exatamente assim era sua mãe, mas talvez ela fosse mais esperta que contemplava em sua mão as borboletas e não as abelhas. Semelhanças com sua mãe em arte de infância, em sua profissão não houve semelhança com de sua mãe tão pouco com a do pai, Olavo se tornou músico.
Não carregava consigo versos apaixonados como os do pai, não se pegou a tentar compor, apanhou os do pai, fez música. Melodias agradáveis emanavam do violão de Olavo, canções belas como as de Chico Buarque.
A família nunca fugiu do equilíbrio e paz que habitava em sua casa, afinal, porque fugir desse clima harmônico, se esta tudo tão bem assim...

Um comentário: